As ruas eram bem estreitas de pedra, no estilo da colonização. (Quem foi para Paraty ou Iguape, sabe do que eu estou falando) Ao final da rua havia um bar e um ônibus. Decidimos tomar alguma coisa nesse bar. Uma cervejinha, um refrigerante, um suco, alguma coisa para brindar mais um ano de minha vida.
O motorista nos olhou, de cima a baixo, chegou perto e cochichou no meu ouvido.
-O que vocês estão fazendo??
Assustada me afastei um pouco na cadeira e olhei bem para ele sem entender o porquê da pergunta.
- Ora. Não dá para perceber?
-Mas por que do brinde?
-Meu aniversário.
Sorri para continuar sendo agradável.
-humm. E de presente de aniversário levo você e seus amigos para um lugar especial.
-Que lugar?
-Numa fazenda militar de forças especiais.
Olhei com desconfiança para ele, olhei para meus amigos, e adivinha só. Todos estavam com os olhinhos brilhando para poder ir.
Uma das meninas se manifestou.
-Vamos Helooo! Vai ser legal, aniversário que nem esse você nunca mais terá. Vaiiii!
Olhei para baixo para pensar um pouco.
-E as consequências? Minha mãe sempre falou para eu não fazer esse tipo de coisa. E agora? Perco essa oportunidade? Decepciono meus amigos? Há, tomara que não aconteça nada de mais.
Uma voz veio de longe me buscar.
-E ai Senhorita?
-Nós vamos. Tem lugar para todo mundo?
-Claro que tem! – Falou ele todo empolgado.
Entramos todos no ônibus, nos acomodamos e alguns acabaram dormindo e eu não fui exceção.
Três horas depois, ouço uma forte buzina.
-O que está acontecendo? – Pulo ligeiramente em pé.
-Chegamos! – Fala o motorista sorridente.
Olhávamos pelas janelas. O céu já estava clareando, os cadentes já estavam em seus postos para a apresentação matinal. Todos nos seus macacões azul cobalto. Olhávamos impressionadas com a instalação, com a unidade.
-Helora, pode me seguir com seus amigos.
-Como você sabe meu nome?
-Sei por que está na sua fixa.
-Que fixa?
-hum, você não sabe? Então não posso te contar.
-Como assim não pode me contar. É sobre mim e eu mesma não posso saber? Que uó isso.
Mesmo assim eu e meus amigos seguiram a passos largos o motorista de 1m80cm, magro e de roupas folgadas.
Entramos em um longo corredor branco, com alguns quadros de superiores já falecidos. Postura e rostos rudes, de poder e rigidez.
Luz por luz foi se apagando nesse corredor, agarrei a mão de um dos meninos. Antes que a luz apagasse, nós nos olhamos e todos encostaram na parede.
Tentei falar, mas não saia som, como se estivéssemos no MUTE da televisão. O chão tremeu, as luzes voltaram a se acender, mas bem fraca, quando alguma coisa se materializou em nossa frente.
Um cheiro forte de podre subiu, uma neblina preencheu o corredor e por mais que nos encolhíamos, parecia que estava quase encostando em nosso nariz. Pequenos quadrados foram se juntando até formar um formato meio desfigurado, com três dedos, guelras no pescoço, um olho central, dentes tortos e grandes, em um tom de verde musgo.
Aproximou-se de nós e puxou dois amigos meus para dentro da parede.
Assim que eles sumiram a luz voltou completamente, a neblina havia sumido, e os quadros começaram a cair.
Comecei a correr, batendo nas paredes e gritando seus nomes.
-Manuelaaaaa.... Robertooooo...... Onde estão vocês???
Batia para ver se encontrava alguma passagem.
Logo mais a frente vi uma luz forte amarela de um buraco na parede. Era grande o suficiente para eu passar.
Chutei outro pedaço da parede e ela quebrou fazendo um barulho agonizante. Entrei e vi outro corredor, só que em sentido oposto do que eu tinha corrido. As paredes tinham sangue para todos os lados, alguns cadáveres jogados pelos cantos.
Pulei, desviei, até chegar em uma sala oval, onde estava o semelhante a um alienígena e meus dois amigos no chão junto a muito sangue. Ele se virou, curvou as costas e puxou uma estante de metal para perto dele, com o poder da mente. (Acho eu)
Nessa estante havia copos e xicaras de vidro branco. Jogava em mim, com muita força, e eu a todo o momento desviando.
-Saiiiii seu monstro. ò.ó
-Manuela, vocês estão bem?
E o alien jogando as coisas em mim. Os dois se juntaram e foram para a parede mais próxima.
-O que houve Roberto??
-Helora, o Roberto machucou a perna.
-Vou tentar distrair essa coisa e vocês correm para o outro lado.
-Ok.
-Vocês não vão sair daqui tão cedo...
-Que??? Você fala a nossa língua?
-Claro sua idiota.
Mãos começaram a sair da parede e tentar segurar os dois.
Olhei para os lados procurando alguma coisa para me defender. Alguns paços de distância tinha um pedaço de madeira parecendo um taco de baseball. E o que ele arremessava em mim, eu rebatia e estourava vidro para todos os lados, até que ele jogou a estante, coloquei meu pé para me proteger. A estante explodiu, e na explosão saíram faíscas azuis, vermelhas, verdes e o amarelo logo predominou o espaço. Fechei meus olhos para proteger.
Abri-os rapidamente, quando me deparei com o sol na minha cara logo de manhã.
Mais um sonho sem pé nem cabeça.
Até a próxima... =D
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