Sentadas confortavelmente em duas poltronas de ônibus, mas não estávamos dentro de um, como se fosse tudo aberto. Paramos em frente a um restaurante. E na entrada haviam muitas parreiras de pêssego e de uva.
Minha mão se esticou toda e alcançou duas uvas verde claro bem grandes. Quase do tamanho da mão.
-Pega e coma logo. As uvas daqui do Sul são muito mais gostosas do que as de lá de Santos.
Abri na metade, tirei os caroços e comecei a comer. Estavam muito suculentas.
Dois seguranças do local olharam e não gostaram muito e vieram em nossa direção, mas minha mãe não viu e pegou dois pessegos. Deu em em minha mão e disse bem baixinho.
-Escondeeeee.
Peguei para esconder em baixo da blusa, mas a blusa era muito curta, coloquei o casaco por cima mas ele escorregou e não consegui segura-lo.
-Mocinha, não pode ficar tirando frutas daqui.
Disse um deles já mais perto.
-Mãeeee vamos sair daqui. Rápido.
Voltei para perto das poltronas, mas já não eram mais poltronas. Era uma geladeira grande e branca nas laterais e de vidro na frente para ver o conteúdo dela. Havia muitos tipos de bebidas. Algumas cervejas, sucos, refrigerantes e três doninhas parecendo mais um coelho do que outra coisa. Der repente aparece o Lucas Hauptmann apareceu de trás da geladeira.
-Oiii Lu, o que faz aqui?
-Estou pedindo carona.
-Pra onde vai?
-Tem suco de caju ai?
-Humm, suco? Tenho sim, mas de morango, morango, morango, manga, morango de novo.
-Ha! quero de laranja.
-Eu não disse que tinha de laranja.
-Tá. Serve o de melão.
-Manga?
-É.Vocês estão indo para onde?
-Ilhabela ver minha tia.
-Posso ir junto?
-Pode mas eu tenho que arrumar a geladeira pra você entrar também.
Tirei algumas prateleiras, as doninhas e algumas bebidas.
-Lu, tirei duas prateleiras para dar mais espaço para agente sentar. Somos muito altos pra isso aqui.
Dei um chute na lateral.
-Eu disse pra minha mãe comprar uma melhor.
E ele dava risadas abafadas com a mão.
-E sua mãe?
-Ela vai em cima no freezer para segurar as bagagens.
Contamos piadas, cantamos musicas irritantes, lembramos da infância.
Olhando para fora da geladeira, vi um pier.
-Olha Lucas, um pier. Dá pra descansar um pouco e mergulhar.
-Vamos.
Saímos da geladeira e loo já nos jogamos dentro d'agua.
Ao longe escuto vozes gritando meu nome:
-Tia Heloraaaaaa, Tia Heloraaaaaa.......
-Oi! Oi! Oi!
Vieram ao meu encontro um menino branquinho gordinho chamado Leonardo, uma menina de cabelo chanel chamada Erika e uma de cabelo comprido preso em um rabo de cavalo chamada Eduarda.
-Podemos entrar também?
-Claro que podem.
-Tudo bem com vocês?
-Tudo sim tia. - Responderam os três em coro.
As crianças ficaram brincando perto de mim e do Lucas.
De repente uma das meninas vai para perto da beirada e me pergunta:
-Não é verdade Tia, que você já salvou várias pessoas na água?
-Na verdade foram só três. Mas porque da pergunta?
-Por que minha mãe não quer deixar eu viajar com você, porque ela tem medo.
-Haaa tem que ficar tranquila. Sem medos.
-Crianças, eu e o Lucas vamos sair para continuar a viajem, se quiserem ir com a gente, nós vamos de ônibus agora.
O Lucas saiu na frente, subiu no pier e me ajudou a sair.
-Obrigada Sr. Lucas UHASUHSUHAS
-UAHSUHASHA de nada Srta. Helora.
Um som agudo quase ensurdeceu quem estava perto dali.
-HAAAAAAAAAA! Socorro!
Olho em direção da água. e vejo uma baleia orca cercando as crianças, que ainda estavam na água.
-Meninas, larguem a plataforma de borracha e subam em algum lugar fora da água. Rápido.
-Leonardo, aproveita que ela virou e vem para cá nadando rápido.
A baleia acelerou em direção do Leonardo e colocou o focinho nos pés para arremeçar o menino para o mais alto, mas eu já havia conseguido segurar em suas mãos, e sendo assim ele conseguiu subir no pier.
A baleia rondou, passou de um lado ao outro, procurando movimentação dentro da água, mas não encontrou.
Nessa loucura toda, duas emissoras de televisão já estavam gravando tudo e passando o drama ao vivo.
Todos ficamos super aliviados de não ter acontecido nada de grave. Ao ponto de se machucar.
Assim que virei ara falar com todos, outro grito ecoa bem alto.
-HAAAAAAAAAAAA!
O que será que vem agora? Olhei novamente para a água e vi um negócio muito grande parecendo uma pedra espinhuda. Olhando mais atenta, vi tentáculos subindo na direção do pier. E dessa vez não era simplesmente uma baleia, e sim um polvo gigante. Era realmente assustador.
A impressão que tive ao olhar para os olhos dele, foi que ele nos enxergava e estava pensando em um jeito de nos capturar. Os tentáculos vinham em nossa direção, e quanto mais perto da beirada ele ficava mais para trás nós ficávamos.
-Saiam de perto da beirada.
Bombeiros chegaram ao local para tentar organizar as coisas.
-O que será que aconteceu? Não é época de ele vir aqui.
Resmungava um senhor mais para a esquerda de nós.
Perguntei ansiosa:
-Ele costumava vir aqui?
-Sim, aqui era....
TOU TOU TOU
Acordei com a batida de alguma reforma aqui no vizinho.
Tenha dó!!! Nem sei pq ele costumava ir lá no pier.....
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